Setembro verde: saiba como é feita a doação de córneas
Quais doenças causam danos irreversíveis às córneas, como é feita a seleção dos doadores e tipos de transplante foram alguns dos temas tratados pelo médico Allan Luz, Doutor em Oftalmologia e Ciências Visuais pela Escola Paulista de Medicina e Chefe do setor de Transplante de Córnea do Hospital de Olhos de Sergipe (HOS), na manhã desta sexta-feira, 24/09, durante uma palestra no canal TJSE Eventos, no YouTube, onde ficou gravada. Somente em Sergipe, cerca de 350 pessoas aguardam um transplante de córnea.
A palestra faz parte do Projeto Meses Coloridos, do Tribunal de Justiça de Sergipe (TJSE), e enfatizou o Setembro Verde, mês no qual é realizada campanha de incentivo às doações, a partir do Dia Nacional da Doação de Órgãos, 27 de setembro. O Presidente do Poder Judiciário de Sergipe, Desembargador Edson Ulisses de Melo, acompanhou a palestra. “Nosso propósito é tratar desse tema da maior importância, conscientizando as pessoas para um ato de amor, que é o ato de doar”, salientou o magistrado.
O médico iniciou a palestra lembrando que em Sergipe a fila de espera para um transplante de córnea ficou mais demorada após a pandemia da Covid-19. “Antes da pandemia, a espera era de 6 a 9 meses. Mas desde o ano passado, as doações praticamente pararam e, agora, o tempo na fila de espera é de dois anos e meio”, informou o oftalmologista. Ele lembrou que, atualmente, o transplante de córneas é o único tipo de transplante realizado em Sergipe e que o HOS tem condições de fazer cerca de 10 transplantes por semana.
Entre as indicações para o transplante de córneas, estão a ceratocone (doença que muda o formato da córnea), traumas, herpes, leucoma, falência de cirurgia anterior, ceratopatia bolhosa do pseudofacico, distrofia de Fuchs, entre outros. O transplante pode ser do tipo penetrante, no qual é trocada toda a espessura da córnea; ou lamelar, no qual há a troca de parte da córnea, anterior ou posterior.
Além de apresentar a legislação brasileira sobre doação de córneas, o médico explicou como é feita a seleção dos doadores, momento em que são avaliadas inúmeras questões, entre elas investigação sobre a causa da morte, histórico clínico, vacinas, transfusões, doenças genéticas, cicatrizes, uso de drogas, entre outras. No entanto, para a efetivação da doação, é necessário o consentimento da família.
“São muitas as causas que levam à recusa da família, entre elas a negação da morte e revolta com o atendimento hospitalar. Mas a maior causa da negativa da família é a ausência de manifestação em vida sobre a doação. Você pode escrever onde for que deseja doar, mas se sua família não estiver sabendo, não vai adiantar, porque são seus parentes que serão abordados”, alertou o médico.
Ao final da palestra, a Diretora do Centro Médico do TJSE, Luciana Nobre, agradeceu os esclarecimentos e questionou o médico justamente sobre como manifestar a intenção de doação dos órgãos. “Hoje, existem vários meios de cadastro para doação, mas, na hora do óbito, são os familiares de primeiro e segundo graus quem decidem, ou seja, filhos, netos, pais, avós irmãos ou cônjuges. Se você tem quatro irmãos e apenas um disser que não, a doação não é feita”, enfatizou o oftalmologista.